14 July 2009

S-port : news

We are pleased to announce the 8th 'interaction', taking place in Basel, Switzerland, on Saturday the 3rd of October 2009, from 19h to midnight.
The event is being co-organized by local hosts Salome Rätz and Tobias Jäggli. The venue is Carambolage in Kleinbasel - bar, kunst&kultur, spielen&lesen, trinken&geniessen. Please check this link for directions.
The S-port will be simultaneously the closing party of Swissport 2009, whom we are delighted to collaborate with. As a matter of fact, we took advantage of the coincidence of this being the 'S' event, to name it 'S-port'. The concept, results, stories and gossip of the intense weeks of conviviality between Portuguese and Swiss architects will be presented during this meeting, with the usual casual atmosphere. Please feel free to join and bring your friends.

S-port : flyer


by Salome Rätz and Tobias Jäggli

S-port : info

091003 CARAMBOLAGE BASEL SWITZERLAND - from 19h to 0h

T-tempo : sumário

T-tempo : obrigado

Não sei por onde começar os agradecimentos. Este encontro fez parte de uma viagem inesquecível, resultante de um processo complicado que envolveu a Londonmet, o British Museum e o American Institute of Architects. Envolveu também uma história pessoal e relações familiares entre Portugal e Moçambique. É tão complicado que nem sei por onde começar os agradecimentos. Talvez possa resumir com um grande obrigado ao Kester e ao Jorge por se terem empenhado em partilhar uma tarde agradável de Sábado.

T-tempo : texto

Nas últimas semanas, o espaço do Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique - MUVART recebeu artistas, curadores, arquitectos, professores, amigos apaixonados pela arte contemporânea, para trocar ideias, experiências e, acima de tudo, debater a arte que se faz no mundo, a partir da produção artística do MUVART e do que se faz em Moçambique.

Estes encontros são muito importantes para estimular a reflexão sobre a arte ao nível da teorização e da produção. Permitem encontrar pares, aqui e em outras geografias culturais, adquirir o hábito de olhar para nós e aprender com o outro. É um exercício contínuo que o MUVART vem realizando desde a sua criação. Desde há algum tempo resolvemos ampliar o leque de intervenientes. No início éramos só nós: artistas membros do grupo. Desta vez os intervenientes foram Paulo Moreira – arquitecto português que está a fazer o mestrado em arquitectura em Londres – e Pedro Alberto que está a fazer a licenciatura em sociologia em Maputo na Universidade Eduardo Mondlane. A conversa demorou horas.

Temos como ponto de partida para estes encontros a consciência de que existem diferentes formas de compreensão relativamente à arte africana e ao seu papel como reflexo da história dos povos colonizados e colonizadores. Da dualidade do Ocidente e da África. Da necessidade de darmos uma contribuição num mundo cada vez mais globalizado, onde se perdem os valores locais em detrimento dos valores globais.

A conversa com Paulo Moreira estava longe destes pontos de vista. Paulo Moreira, através de um projecto de pesquisa arquitectónico, faz uma ponte entre o presente e o passado. Veio a Moçambique para pesquisar sobre uma escola primária localizada na cidade de Xai-Xai na província de Gaza. Foi construída pelos seus avós nos anos 60 do século passado. Esta escola para além de ser o ponto de encontro das experiências dos seus avós em Moçambique é também um elo de ligação entre diferentes realidades geográficas. Permite obter respostas para problemas que se levantam a partir de experiências individuais e permite perceber as relações arquitectónicas de diferentes momentos e as suas possibilidades.

O trabalho do Pedro Alberto encontra-se num processo de construção. É um projecto que iniciou há três anos e que consiste na elaboração de postais feitos a partir de diversos materiais. Pedro Alberto elaborou e apresentou até ao momento mais de 300 postais. Nestas apresentações muitas interrogações ficaram sem resposta. Como apresentar o que faz? Que caminho seguir? Transformar estes postais em objectos efémeros? Torná-los documentos da sua experiência? Os postais referem-se a memórias da sua infância e a experiências da sua adolescência, trazem referências culturais, sociais e políticas; traduzem um compromisso político. Negoceiam as diferenças e cedem em momentos críticos.

Uma das qualidades do trabalho artístico é a possibilidade de ser/estar “em aberto”, poder ganhar vida própria. Isto é, permitir diferentes interpretações, ser entendido em diferentes contextos culturais, permitir desdobramentos de formas e conceitos, ser capaz de se alimentar por si e de alimentar outras formas plásticas.

As duas apresentações têm em comum o tempo e a memória. A experiência do outro e a nossa experiência. Tanto a de Paulo Moreira, que vai ao encontro do tempo e do espaço perdidos, revivendo momentos através da visita ao lugar deixado pelos seus avós, como a de Pedro Alberto, que através de colagens e assemblagem constrói universos, onde as suas referências, que vêm do contacto visual de uma sociedade pré-digital e do imaginário construído durante a sua infância e adolescência, possibilitam a construção de novos valores e a reconstituição de factos baseados em diferentes formas de construção da realidade.

Jorge Dias
Curador do Museu Nacional de Arte